BC avisa que não há juro baixo que cure PIB fraco

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Autor(es): Por Alex Ribeiro | De Brasília

Valor Econômico – 25/01/2013

 

 

O BC colocou os gargalos da expansão da oferta no centro do debate da política monetária, esvaziando as apostas de quem achava que, com a recente debilidade econômica, o juro básico poderia baixar mais cedo do que tarde.

O diagnóstico do BC: a atividade decepciona porque há limitações no campo da oferta. Nesse ambiente, a política monetária nada pode fazer, porque, por excelência, é instrumento voltado para o controle da demanda.

Esse é o trecho da ata, no parágrafo 26: “O Copom pondera que o ritmo de recuperação da atividade econômica doméstica – menos intenso do que se antecipava – se deve essencialmente a limitações no campo da oferta. Dada sua natureza, portanto, esses impedimentos não podem ser endereçados por ações de política monetária, que são, por excelência, instrumento de controle da demanda.”

Antes da reunião, as expectativas começavam a se dispersar. Um grupo de analistas já falava em queda de juros no segundo trimestre, dada a debilidade do crescimento econômico. Outro grupo citava a possibilidade de alta de juros, dadas as pressões inflacionárias no curto prazo.

A direção da política monetária, já sinalizada no comunicado da semana passada e retificada na ata, é outra: a estabilidade das condições monetárias por um período longo de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação à meta. É um compromisso com os juros estáveis em 7,25% ao ano, com a ressalva sempre repetida nos pronunciamentos oficiais de autoridades do BC de que os ciclos de política monetária não foram abolidos.

O mercado entendeu o recado já na semana passada. Os juros futuros começaram a subir. A dispersão das estimativas começou a se estreitar. O desvio padrão das projeções coletadas pelo BC para a Selic no fim de 2013, um termômetro de dispersão, recuou de 0,54 para 0,47 entre os dias anteriores e posteriores à reunião do Copom. A taxa mínima esperada para o fim do ano subiu de 6% para 6,25% ao ano. Esse é um movimento devagar, pois as revisões feitas por analistas são menos frequentes do que as capturadas pela curva de juros. Mas a direção parece estar dada.

Para colocar mais pimenta no debate, num outro trecho da ata o Copom afirma que contempla um ritmo de atividade mais intenso neste começo do ano e riscos limitados, porém mais intensos, de descompasso do crescimento da demanda e oferta.